(a)mar

Hoje o arrependimento matou-me. Hoje entrei naquela minha grande casa que é o mar, pela primeira vez em cinco anos. Pela primeira vez em tanto tempo, mergulhei de corpo e alma no meu amado mar. Assim que entrei, assim que me senti nele, sem pé, sem medo, sem dor, matei-me de arrependimento.

Arrependi-me de nunca ter entrado contigo. O mar é tão meu, como é que nunca consegui partilhá-lo contigo? Ou melhor, como nunca deixei que o partilhasses comigo? De seguida, mil questões. Porque raio nunca fui àquele bar dançar contigo? Por alma de quem é que nunca desci num escorrega contigo? Porque nunca te fiz a vontade de nos atirarmos de um avião? Como é que deixei de fazer tanto, de partilhar tanto, de te amar mais ainda, só por medo?

Maldito medo. Maldito sejas!

Hoje, entrei no mar, de alma despida e descoberta de medos. Entrei nele, olhei ao céu, pensei em ti e enchi-me de paz. Amo-te em cada pequena coisa que viva, amo-te ainda em cada pedaço do meu dia e das minhas memórias. Que coisa poderosa, a memória.

Hoje, cruzei o meu olhar com o teu e amei-te. Amei-te como sempre, e mais um bocadinho ainda. Como pode este amor crescer mesmo sem já não estares aqui? Que estranho amar-te ao mesmo tempo que me amo.

Hoje, quis ligar-te entusiasmada a contar-te que já não tenho medo. Já não tenho medo de experimentar, de correr riscos, de me atirar ao desconhecido. Hoje, quis dizer-te que já não tenho medo de te perder. Hoje, quis lembrar-te que (ainda) não é tarde demais.

Hoje, queria dizer-te que das poucas coisas que se mantêm iguais em mim, é o facto de te amar. Hoje, quis dizer-te que te amo.

Hoje .. hoje entendi que (te) morri.

Esse teu olhar continua a apaixonar-me e não sei como fazer isto parar.

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